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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vivendo e Aprendendo


Dizem por aí que não se pode confiar em ninguém, e a Bíblia amaldiçoa todo aquele que confia em seu próximo de maneira a desviar o coração do Senhor. Começo dessa forma para narrar a história de três amigos, inocentes em relação à maldade disseminada por todo o globo, que passaram por momentos complicados e foram até mesmo enganados pelo suposto patrão que arrumaram. Reproduzo aqui a história com a fidelidade que ouvi. Digamos que eu tenha comprado o peixe, e agora estou passando-o para frente, para todos aqueles que optarem por também compra-lo. 

 Em certa cidade do interior, um grupo de três jovens, contratados para trabalhar para um empregador da capital do estado, alegres e animados com a perspectiva de bom salário e de excelentes condições de trabalho (mobília impecável, ambiente climatizado e jornada laboral diminuta), sentiram-se confortáveis o suficiente para conduzir todas as negociações pedidas pelo empregador, firmados em um contrato verbal, numa cumplicidade cega, crentes que palavra de homem não volta atrás e nem deixa de ser cumprida. Surpreenderam-se quando viram a emboscada que haviam caído.

Eles realmente deram mais valor a uma palavra do que a uma declaração escrita. Como recebiam ordens por contas de e-mails (fornecidas pelo próprio sujeito que os “contratara”), mensagens de texto em seus celulares, tratavam de cumpri-las como se fossem determinações de um rei. Porfiavam em confiar em alguém que nem lhes dignara a mostrar a cara, e com a audácia de pequenos valentes, correram atrás de todo material necessário para o escritório. Um dia o sonho foi desmitificado. A hidra adormecida colocou suas sete cabeças para fora, desafiando os moços com suas garras e dentes afiados.

Com tudo acertado, apenas faltando a definição da data e do horário para inauguração, nossos heróis se depararam com um dilema interessante: foram intimados a depor e prestar esclarecimentos. Estavam sendo acusados de cometerem estelionato, passível de punição penal. Qual era o crime? Ter feito tudo o que fizeram. O dito contratante nunca os conhecera, e nem ao menos houvera ditado alguma determinação para que cuidassem de um projeto que ele nem se quer havia cogitado. Complicado, não?!? Os aventureiros, agora tidos por farsantes, engoliram garganta abaixo um cálice tremendo de fel. Não tinham como provar sua inocência sem grandes processos judiciais que não poderiam bancar. Falhos em acreditar no homem, foram lançados à escória, à lama de uma sociedade que observava tudo com o mesmo grau de surpresa que os três. Afinal, parecia tão sério, tão real. Como poderiam ter mentido tão bem? O que ganhariam com isso?

Honra não se obtém do dia para noite, ela precisa ser construída ao longo de anos. Ela vem com a boa reputação, com a honestidade, com o respeito e com a dedicação extremada da parte do sujeito, dedicando-se todos os dias a cumprir com os princípios que norteiam um ser humano bom. O excesso de confiança para os três custou tudo isso. Tiveram que ver, impossibilitados de modificarem algo, um castelo ser destruído, pedra por pedra, por alguém sem escrúpulos.

O interessante, e o que me contaram quando quis saber mais sobre tal história, é que estes, apesar de toda adversidade que havia se levantado, decidiram continuar de cabeça erguida, e a prosseguir pela vida por outros caminhos. Não hesitaram em alegar o erro de terem confiado em demasia, mas também não se deixaram levar por todos aqueles que esperavam atentos uma desistência, um parar no caminho.

Para nós, uma lição profética: não confiar em ninguém. Não podemos mais nos dar ao luxo de deixar, nem por um instante, nossas vidas nas mãos de quem pode destruí-las. Os manjares oferecidos são sempre belicosos e sedutores, nos levam à alucinações e nos conduzem a pensar de maneira perigosa. Daniel rejeitou o manjar do rei, quando por três anos decidiu uma dieta com legumes. Na ocasião, escolheu prevenir-se de contaminação com sacrifícios de paganismo, optando por agradar ao Deus que servia. Nos dez dias de teste pedidos para um preocupado chefe de eunucos, ele e seus três amigos estavam bem mais nutridos do que os que se alimentavam com as iguarias babilônicas. E para os três jovenzinhos, da nossa história, é vivendo que se aprende. Uma lição paga com altíssimo preço, que lhes servirá para o resto da vida.


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